segunda-feira, 22 de novembro de 2010

O doce e o amargo

Naquele sábado
Sentei-me à porta de teu apartamento.
E odiei-me.

Olhei pr'as janelas acesas.
Medo.
Medo e vontade que me visse.
Medo e vontade de mudar tudo.
De escolha, de escola. de colar.
De ser jamais, do nunca.
Medo.

O afago da mão não-minha.
O ciúme.

Medo e vontade de ser teu
De cantar na tua gaiola.
Medo e vontade de dividir o rancor.
Medo da Vontade.
Vontade do Medo.

Por fim, um vento frio me assusta.
Sem um único cigarro ou centavo, cabeça alta, cheia de nós dois.
E eu, perdendo-me entre sinais e ladeiras, em plena gestação.
Medo do medo que dá
Da vontade e do medo.
Das covardias e incompreensões.
Vontade de sumir. De assumir. De açoitar-me.


Nasceu domingo
E eu nem me dei conta...

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

As linhas

Se pego uma régua
Um lápis
E um papel, alinho reto
Pobres retas
Previsíveis desenhos
Sem muita cor.

Duas linhas paralelas
Que seguem...


quarta-feira, 3 de novembro de 2010

O olho que vê

Frente a frente
Ao olho que vê
Se vê um mundo de cores e sombras
Visto em tons ocres e assustados
Os temores e as belezas.

Frente a frente
Ao olho que vê
Uma sede e uma fome
Uma loucura
Uma cegueira
Um foco turvo e despropósito
Um som e momento
Um stop
E tudo o que resta
É silencio
E som