quinta-feira, 24 de junho de 2010

Sobre faltar


Três e pouco, madugada
Vê-se insetos e seus zumbidos
Poucos livros, uma cama,

Um sonho, devaneio,

Uma loucura zonza e cansada,

Velozes vultos

De absoluta beleza

Me tomam o tempoem sons noturnos

De um dia que não amanheceu.


Um cômodo simples

Amontoando peças de roupa

Entre dicionários e bibelôs

Numa aquarela de cores fabulosa e sombria

Dos mundos de um móvel qualquer.


E as lágrimas

Dos olhos vermelhos de sono

Se embalam na saudade

De um calor distante...

domingo, 13 de junho de 2010

Orações


São tempos difíceis
De gritos e silêncios,
Tão poucas as bençãos,
Tantos são os corações sombrios;
Me recolho em orações.

Versos simples
Espontaneamente organizados e gratos
Refletem meus dias...
Agradeço, peço,
E posso parecer ingrato
Ao desejar sempre um tantinho mais.

Mas, sempre existe uma alternativa,
Uma carta na manga, uma pedra,
Um jeitinho
Brasileiro ou não
E eu peço, com clareza
E verdade
Ao meu bom São Super Mário
Pela compania diária
E sei
Que do alto de suas habilidades
E sons monofônicos
Um dia
Ele invadirá o meu quarto
Com muitos pontos no ''level'',
Me estenderá a mão
E as nuvens serão cortadas
Por um brilhante carrinho vermelho
Vermelho-vida
Amém.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

9 Filhos


O primeiro filho nasceu precoce.
De tão precipitado
Ninguém, nem eu,
poderia acreditar na dimensão deste
Que seria só o primeiro.

O segundo nasceu cheio de si
Forte, berrando pelos corredores da casa,
E lindo
Como um dia que surge da imunda noite.

O terceiro surgiu numa correria imensa
De aspectos diformes.
Desenvolveu às pressas, sem perder o encanto
Mas, de uma maturidade assustadora.

O quarto e o quinto nasceram tristes
distantes, reflexivos,
Questionando as proporções de si
e dos outros.

O sexto e sétimo filho nasceram doentes
com seus olhos vermelhos de choro
Sem fome, sem tino
O sétimo inclusive, quase aborto,
Se arrastava pelo chão
Como uma bomba que anseia a explodir.

O oitavo me aparece machucado,
se defendendo da morte com bravura,
Limpando a casa dos fantasmas,
Entoando cantos de acolher...

O nono filho nasceu!
E tão bonito, sorriu pra mim...
Pulando por entre os versos
brincando com meus problemas,
Me fez enxergar
que nem sempre o melhor é o que cheira rosas,
ou o fácil, ou o grátis.
Por que percebo
Que hoje sou um pai melhor
E que isso só me aconteceu por que tive filhos
E filhos estes repletos de peculiaridades
Dificuldades e sutilezas...

Por isso amo a todos
e anseio o próximo.