quinta-feira, 11 de abril de 2013

Amor de Tchubirú

Eu já ri bastante nessa vida.
E de repente, mais parecia um rio.
Que talvez tivesse passado 
Mais bonito que pude imaginar,
E meu coração se deixou levar
(salvo os versos do poeta).
Sorri. Do verbo 'Sou rio'.

Por que existem dias assim
Que a gente tá bem
Leve, com o rabo virado pra lua,
E chega um sorriso daquele tamanho,
Um abraço, um dedo de prosa
Um convite,
E aí você percebe
Que as coisas são ainda mais belas do que as pessoas percebem.
Por que é assim mesmo
As pessoas são más, 
Respectivamente cheias de más intenções
E interpretações.
Caguei pra elas!
Tenho um amigo!

Há anos atrás imaginei
Jamais escrever-te em adocicados versos de glacê de limão
( que é mesmo brega).
Escrevo hoje.
Despido de técnica e criatividade
Mais repleto de amor.
Amor maduro, de macho, pô!
Amor de quem nem espera reciprocidade.
Amor de quem ama
Amor que reconhece o outro
Que por estar feliz, realiza-me
Como se realmente fosse uma parte de mim a flutuar por aí,
Disfarçada de olhos, cabelos e sorriso diferentes
Mais incorrigivelmente doce
Com o tal glacê esverdeado.

terça-feira, 9 de abril de 2013

Assovio

De repente a novela perde a graça.
Expostas fragilidades do vilão,
Insossas qualidades do mocinho
Dispostas em azulados matizes de equilíbrio
De tanto trocar-se personagens.

Na verdade,
A sobrancelha continua a mesma;
Arqueada e altiva
Fazendo sombra aos olhos.
E a vociferação permanece em preços similares,
Em ambos cenários da trama.

Acontece que o tempo é fogo.
Quebra as pernas da força das coisas.

São novos tempos, novas artes, novo engenho, meu caro...

segunda-feira, 8 de abril de 2013

O Ovo

Faz pouco.
Sentia-me acoado.
Caminhando por caminhos,
Ora pisando em Ovos,
Ora fitando-os.
O que fazer?
Não saberia criar um Ovo
Chocar um Ovo.
Não sabia fazer omeletes.
Às vezes, tropeçava e ia de cara com um.

Sentei.
Não eram tantos.
Não eram iguais.
Cada qual, doce em diferente ternura.
Escolhi um, parecia prematuro,
Acolhi-o entre minhas mãos,
Limpei poeira, acariciei-lhe a face pálida,
E como quem se afugenta, rachou-se
E o tal passarinho voou
Pros lados do meu peito, encantando batimentos.

terça-feira, 2 de abril de 2013

Veleiros



Como não te deixar


Se o que resta de paz
Mal a mim afaga,
E inunda meus dias
E sobressalta minha alma
Em nuances de rancor e medo,
Ora em revolta?

Como consentir-te comigo,
Se vejo-te turvo aos meus olhos,
Beijo-te em amargos sabores
E lanço-me ao mar?

Presumo, aqui fico.
Marejados olhos, boca seca,
Coração tênue, embora ríspido,
Mirando os veleiros, que partem tranquilos
Na incerteza
De pela manhã voltar.

segunda-feira, 1 de abril de 2013

Crio-me

Desconheço quem faz morada em minha cabeça.
São tempos de guerra.
Por vezes, 
Sinto-me guerrear contra mim.

Meu externo, meu glace,
Não adoça nem externa a loucura
E a poeira dos meus desejos.
Não publica o vazio,
Sequer a multidão de sentidos
Que tenho acesso.

Com o passar,
Desconheço-me, percebo.
Desconhecem-me,
Por tais óbvias razões.

Desejo a tal calma,
Ouvir o som leve de um amor que surge,
Ingênuo e doce,
Como criança de colo.
Ainda sou criança.
Ainda crio-me.
Embalando-me às noites
Boi-da-cara-branca, Cuca, Iara...