domingo, 12 de dezembro de 2010

O ser ele

Depois de tanto tempo
De tanto medo da perda...
Hoje percebo,
Que tenho medo de ganhar.

É um medo estranho, uma alegria triste,
Uma estranheza.
De uma aparência, de um mérito não meu.
Mas, pintado com o meu nome,
Brilhando em holofotes, estridente em microfones,
E gritos mais que suspeitos...

É estranho ver chegar uma coisa muito desejada.
É cruel não ter peso para, enfim, sustentá-la.
Ou lógica, ou coerência... Nexo.

É literalmente uma estranheza, um querer não querer.
É um bicho de sete cabeças,
E eu, que sou apenas um bicho do mato
Mal sei lidar com estas situações.

De todo modo, me parece fácil hoje perceber
A doçura e a leveza de se perder.
E ouço vozes como quem me aplaude
E pede palmas.
E ele diz que o ele sou eu
mesmo eu sabendo que eu sou eu...

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