Não me cabe
Arcar com um drama irreal,
Moço armado, cavaleiro,
Espada e escudo e acompanhado.
Não me cabe
Andar com pés alheio aos meus,
Alcançar voo, engolir choro,
Respirar fundo, acalmar ânimos,
Dormir pensando, acordar ferido.
Não me cabe
Grande futuro, meninos fortes,
Casa no campo, vitrola e discos,
Rede e carinhos.
Não me cabe a fila.
Não me cabe a vela.
Não me cabe o caminho.
Não me cabe em si.
Não me caibo.
Nem me encaixo.
Não me adapto,
Não me vejo, nem me escuto.
Sou eu quem arma o circo.
Sou eu quem ateia o fogo.
Sou eu quem desanda o mundo.
Sou eu quem enxerga mortos.
E por ser eu, só, pouco importa.
Pareço-me fértil, embora insosso.
Anti-tesudo homem novo.
Me roço o saco, depois me lavo
E que pelo ralo escorra todo o sangue,
Todo o descaso.
quarta-feira, 26 de junho de 2013
terça-feira, 25 de junho de 2013
Ninho
Os pássaros do sudoeste são diferentes.
Pouco arredios, cantam baixo
Embora assoviem por dentro,
Em seus peitos,
Cantigas de medo.
Um passarinho armando fulga.
Mira o horizonte, limpa penas, olhos,
Bica o frio círculo de metal.
Uma jaula, um ninho.
Ainda ontem, ele entrou
Aos poucos, à procura de sossego
E abrigo, desde que afugentou-se.
Sangues e pedras do passado, marcas.
Aninhou-se pelas grades...
Agora estremece-se.
Já morara em outras jaulas antes,
Já fugira, já fora posto para fora.
Medra.
E por medrar, foge.
Foge por que entende dos medos,
Foge por susto, por vexame, por sentir-se 'desaninhado'.
Foge por fulga.
E toda fulga tem sua parcela de covardia.
Pouco arredios, cantam baixo
Embora assoviem por dentro,
Em seus peitos,
Cantigas de medo.
Um passarinho armando fulga.
Mira o horizonte, limpa penas, olhos,
Bica o frio círculo de metal.
Uma jaula, um ninho.
Ainda ontem, ele entrou
Aos poucos, à procura de sossego
E abrigo, desde que afugentou-se.
Sangues e pedras do passado, marcas.
Aninhou-se pelas grades...
Agora estremece-se.
Já morara em outras jaulas antes,
Já fugira, já fora posto para fora.
Medra.
E por medrar, foge.
Foge por que entende dos medos,
Foge por susto, por vexame, por sentir-se 'desaninhado'.
Foge por fulga.
E toda fulga tem sua parcela de covardia.
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