terça-feira, 25 de junho de 2013

Ninho

Os pássaros do sudoeste são diferentes.
Pouco arredios, cantam baixo
Embora assoviem por dentro,
Em seus peitos,
Cantigas de medo.

Um passarinho armando fulga.
Mira o horizonte, limpa penas, olhos,
Bica o frio círculo de metal.
Uma jaula, um ninho.

Ainda ontem, ele entrou
Aos poucos, à procura de sossego
E abrigo, desde que afugentou-se.
Sangues e pedras do passado, marcas.
Aninhou-se pelas grades...

Agora estremece-se.
Já morara em outras jaulas antes, 
Já fugira, já fora posto para fora.
Medra.
E por medrar, foge.
Foge por que entende dos medos,
Foge por susto, por vexame, por sentir-se 'desaninhado'.
Foge por fulga.
E toda fulga tem sua parcela de covardia.

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