quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Saudade


Toda vez que se diz adeus não acontece apenas uma despedida. Existe uma perda imaterial envolvida. O espírito encontra uma faceta de luto e o dividir subtrai. Uma vez amando tanto, se permitindo entre irmãos, admiráveis conhecidos e vultos do passado, fica uma parcela de si mesmo onde quer que se diga ‘até mais ver’. A vida se encarrega de tornar as coisas brandas, cada vez se conhece mais pessoas e sem perceber, inicia-se um novo ciclo, o provável causador da saudade do futuro. O que torna permanentemente viva a questão.

E a gente sonha, seleciona, realiza alguns desejos, se encontra por aí, e nos dividimos entre dezenas de unidades móveis, sempre deixando deslizar por entre frestas os sussurros de um som muito particular. Mas tudo bem. Num dia de sol ou de chuva vou escrever uma canção e nela vou imortalizar todo o meu passado em duelo com o presente. Quem amo vai sentir-se aconchegado mesmo distante, e quem escolhi dividir a vida, vai revigorar-se ao perceber que junto estamos não só construindo um passado e um presente.

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