O primeiro filho nasceu precoce.
De tão precipitado
Ninguém, nem eu,
poderia acreditar na dimensão deste
Que seria só o primeiro.
O segundo nasceu cheio de si
Forte, berrando pelos corredores da casa,
E lindo
Como um dia que surge da imunda noite.
O terceiro surgiu numa correria imensa
De aspectos diformes.
Desenvolveu às pressas, sem perder o encanto
Mas, de uma maturidade assustadora.
O quarto e o quinto nasceram tristes
distantes, reflexivos,
Questionando as proporções de si
e dos outros.
O sexto e sétimo filho nasceram doentes
com seus olhos vermelhos de choro
Sem fome, sem tino
O sétimo inclusive, quase aborto,
Se arrastava pelo chão
Como uma bomba que anseia a explodir.
O oitavo me aparece machucado,
se defendendo da morte com bravura,
Limpando a casa dos fantasmas,
Entoando cantos de acolher...
O nono filho nasceu!
E tão bonito, sorriu pra mim...
Pulando por entre os versos
brincando com meus problemas,
Me fez enxergar
que nem sempre o melhor é o que cheira rosas,
ou o fácil, ou o grátis.
Por que percebo
Que hoje sou um pai melhor
E que isso só me aconteceu por que tive filhos
E filhos estes repletos de peculiaridades
Dificuldades e sutilezas...
Por isso amo a todos
e anseio o próximo.
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