quinta-feira, 28 de abril de 2011

Errôneo

Pra ser exato
Preciso dispensar-me íntegro?
E por um passado
Ter-lo eu mal feito
Pagar por toda a existência?

Erro por errar.
Erro por acertar.
Errôneo.

domingo, 17 de abril de 2011

Casca


Ferro-me a fogo.
Firo-me.
Aflinjo-me a custo
E de graça.
Mal interpreto .
Não sou ator.

Poucas coisas me inspiram tanto
Quanto os olhos de quem amo.
E eu sei do sentir.
Pouco sentiria por não saber.

Minha dureza esconde tesouros.
Entenda-me.
Brigo-nos.
Veja-te.
Veja-me.
Veja-nos.
Amo-te.

Eles


Ele diz que eu falo demais.
Ela pensa fazer o meu bem.
Ele acredita na minha cegueira.
Ela grita verdades que me surdam.

Ele enxerga mais o que faço que a si mesmo.
Ela me molda com fôrmas de outrem.
Ele abusa do que restou da minha inocência.
Ela enfatiza ser a única que está por mim.

Ele condena o que lhe parece oposto
Mas, quando perde a voz,
É incapaz de concordar.
E se concorda, pouca importância lhe aparenta,
'Paciência, ninguém sabe o tempo que o tempo pode precisar'.
E eu que nunca gostei de esperar na fila,
Pego a senha, pago o pato,
Engulo o choro e nada deixo aparecer.
Cotidianamente canso e reflito,
Seu exemplo de perfeição não se encaixa muito bem.

Ela perdeu um tempo em vão acreditando
Na doçura das pessoas, na sorte que lhe aparecera.
Depois do baque, reflete em todo mundo
Ares do olho do defeito
Que por muito lhe convém enfatizar.

E por escolher não saber do outro verso,
Desconhece descompletamente os fatos
Do que enfim se sucedeu.

Ele acredita conhecer o que há por dentro
Mas perdeu todo esse tempo
Analizando o que minha grande casca diz.
E como sempre foi pra ele muito útil
Criticava e achava fútil se afastando do odor que a merda fez.
Mas eu sabia que a sua casa caia
Só não imaginaria que seria assim
Por todas direções.
E eu que sempre me doei demais, prefiro
Hoje sentar do meu lado
e resolver com quem briga por mim.
[Sou eu.]

Ela vocifera e se aflinge
E é incrível como atinge, sem mirar
O meu coração doentil.
Mas sempre soube que por baixo da menina-
Mulher
Se encondia uma felina
Pronta pra me defender.

Eu me admiro com a conveniência, a prepotência
O orgulho, a proteção,
A renúncia e o amor.
Mas me conheço bem melhor que todo mundo.
Então permita-me um segundo
Comentar da minhar dor...

Lágirmas Poucas


Vejo-me de encontro à parede.
Por isso, cedo-me.
Dia após dia,
Cenas familiares.

Confesso-me; lágrimas que 'inda' tenho.
Poucas, ralas,
Vazias.
Pouco se aflingem a pecar,
Pouco aspiram da vida
E dos conhecidos fatores que à vida cerca.
Pouco se assusta.

Sim, também preciso conter a mania
De minimizar fatores
Que me ferem
Demasiadamente.


Plantio e dúvida.
Meus erros; cruéis.
Teus justificáveis deslizes.

Sobre o cansaço

Tento.
Faço o que posso.
Excedo meus limites,
Experimento.
Pouco se enxerga.

Por fim,
Se torna corriqueiro
Ou no mínimo,
Tema de debate.
Incrível,
Tenho perdido minha razão.
Vou me cansando...

Porque
Eu não sou um menino de ouro,
De boa índole
E repleto de virtudes.
Não sou o exemplo de homem.
Não.
Não enxergo bem,
E por vezes,
Prefiro assim.
Releva-se melhor ,
Uma vez que detenho-me
Lidando com obviedades.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Retrato

Artista em formação.
Degenerado.
Por vezes, degenerativo.
Por partes, degenerando.
Sendo o que escolhe ser
Ou o que simplesmente se é.
Novos planos,
Nova-idade.
Mutável e mutante.
Complexo,
Perplexo,
Menino buxudo escondido na saia da mãe.
Nomeado em codinomes de origem paterna.
Erra e acerta.
Ou não.
Não soube se guardar nem sabe.
Nem aguardar.
Teimoso,
Ser humano carente de vista,
Amargo de vida,
Utópico de sobrevivência,
Artista por sentir alguma coisa que seja..
E sente muito
Pelo que anseiam de si
Nem sempre é o que gostaria.
É o que vê, relê e conclui
Que francamente
Pouco aspira.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Reticências


Vejo-me frutificar.
Enraizar-me em sangue, músculos e ossos
Às extensões de tua vida.
Sentindo-te acariciar-me as veias e hormônios.
Já não pertenço-me.
Expreguiço-me em tua rede ao meu dispor.
E um hálito frevente dos infernos,
E dentes,
E pele, e peitos.
Um seu no meu,
Um meu no seu,
Um grupo de prazeres pairados
Que somados,
Mais parecem
Reticências.

Sina de Passarinho


No dia em que eu não puder mais cantar, Nem sei.
Antes um céu escuro e deserto,

Um desamor.

Antes um bola de neve

Girando e se compondo.

Um copo vazio e sede e fome.
No dia em que eu não puder mais cantar

Que dilacere-se a galáxia,
Que se enxarque as paredes de sangue.
Antes a morte.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Devaneios

Tem noites
Que acordo suado,
Olhos vermelhos de 'T' maiúsculo.
Um membro involuntário se move
Pedindo afagos.

Me movo a parecer acompanhado.

Boca seca,
Cabeça na lua.

Secreções vertem sem que espero.
Sem a menor pretensão de controlar-me.
Onde está você, hora dessas, meu carinho?

Relatos veranis

Tenho o peito alagado
Pela rubra imagem da tua figura.
Transcorrem por meu peito, costas,
Pelos, sexo, sons inacabados...
Relatos,
Dos sonhos das madrugadas de chuva
Ou de vento, ou de sol...

Se sou eu o teu homem,
Nada é coerente
Como um eu que é você
E eu.
E que rasgue-se o mundo em mil partes,
Explodam-se as horas,
Transcedam-se os sons...

Aprenda a contar, menino!


Quatro olhos,
Duas bocas, quatro braços,
Dois corpos, duas libidos,
Dois desejos, dois instintos,
Uma finalidade.

Juntos, fazem amor.

Dois e dois são um.


domingo, 3 de abril de 2011

Filho de Logun


Não sou seu pai.
Não sou seu filho.
As vezes, nem sou eu.
Sou um imenso lago
Imerso a uma larga mata.

Use o meu espelho pra enxergar-se melhor.
E minha flecha pra se defender também.
No mais, confie.

sábado, 2 de abril de 2011

Um anjo


Conheci um anjo.
De asas longas e velozes.
Nem bom, nem ruim.
Um anjo-extra.

E por ser extra, tratado era como.

Não sei, não nasci pra casar.
E nem sou de família.
Sou e só.
De sol a sol
E ponto final.

Canção de embalar defunto

Passou-se o tempo de encantamento.
O cativando vê-se cativo.
Passarinho na gaiola,
Livro relido na estante, sem mais explicações.

Um dia terei novidades pra contar.

Vaga visão

Tenho vivido muito pouco
Das coisas que decidi viver.
Escrevido tanto
Dedos doem.

Minha cabeça grande aguarda adaptação.
E só.

Não sei.
Incapacito-me. Anti-aspiro-me.
Assusto-me. Acostumo-me.
Pairo no ar.

Porque vejo. E isso é um crime.
Contra a paz. Contra a ciência.
Contra a paciência.

Nada diz por mim, por isso digo.
Revejo um eu conhecido.
Sono, falta de, desconhecido familiar.

Vejo, releio, e assumo.