terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Joana


Brincando com a correnteza,

lavando a alma em sal e sol, vivia Joana.

Mulata faceira, pobre puta,

Nobre pagã.

Pobre filha da sorte

Pobre filha do abandono de Ewá.


Desde moça abriu mão de si

Por um prato, um trato

Um agrado barato,

Um gesto perdido.

Guardava em seu decote

O desejo de mudar.


Mas vida é bicho arredio

Que rosna contra,

E ataca por trás.


Joana, velha imunda,

De olhos tristes semi cegos e corpo robusto,

Mareja feições perdidas nas ondas do mar.

Como quem deseja abrir mão de vez de si.

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