Os dedos que pintam
São os mesmos que sangram.
As bocas que beijam,
As que sujam.
Os braços que brigam,
Enlaçam, incendeiam.
E eu, nem santo, nem vago,
Nem sinto, nem vingo.
Os brancos dentes da sereia morta,
Abraços tênues, laços e passos.
Os olhos de esguelha, fraterna e torta,
Morena de guerra, profundo corte.
Ainda se fazem humanos de pedra
Pomes.
Carícias benditas, lâmina e corte,
Faminta de sonhos, jardim de infância,
Flamejam brilhantes faróis de milha,
Agrura infinitos contando instantes.
E a ave que canta pro dia
Maldiz a noite
Calada e fria.
Os podres olhos da sereia de pedra
Afagos tenros, terços, celibato.
Os longos laços da ciência e o norte
Inclina subordinadamente a sorte.
Ainda se fazem meninos de aço
E corte.
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