terça-feira, 14 de maio de 2013

A válvula

Carrego em meu peito um amor já antigo
Rasgado aos ouvidos, andarilhar
Apanhada língua, um tal gosto sentido
Passado perdido, amores anuais.

Respira e inda vive nos colos alheios
Calor de janeiros, carnavais.
Apodrece cálido por entre os dentes
E remanescentes de rios ancestrais.

Revejo esse peso nas costas
O sabor de tais notas
Soando-me assoviar.
Entre letras em rima, ora em prosa
Em parte areia
Em minha mãos deslizar-se

E guardado revela-se atônito
Recolhido parece-me hipócrita
Resguardado carece afônico
Pago à vista em fração singular.

Demasiado eu-lírico intrínseco
Resvalado carece de lógica
À miúde acalenta-se cárcere
Acarretando a tal dor popular.

A válvula do carinho está queimada
Não há mais
Resposta
A máquina dos sentidos
Inopera-se
Onde estará seu acarinhar?





Um comentário:

  1. Que seria de nós, não fosse o bicho poesia que nos explode a massa?
    Que entre fruto e caroço, sem nenhum desperdício, alimenta-se sem fastio...
    E sem causar nenhum enfurecimento em Gáia, oferece formas de vida.
    Milhares de outras formas ao olhar cansado da mensura.
    Um brinde às palavras que permitem a angústia da desconstrução e da liberdade!
    E lá no fim das curvas, percebem-se flexionando amor - em toda sua força de existir e desexistir; fazer e desfazer; cantar e decantar.

    Saudações!

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