Maria,
Minha mãe maria,
Antes que adormeça,
Sem querer, se esqueça
Me guarda em seu peito.
Adoça minha alma cansada de vida,
Meus caminhos torpes escuros de sorte,
Meus sonhos terríveis de vida e de morte,
Meus olhos molhados de suor e de perda.
Se eu recorro à tua graça, morena
É por que te conheço
E entende-me inteiro,
Que por me esparramar dentre as gentes
Dividindo,
Sobrou-me o que hoje a mim medra.
Minha amante selvagem,
Minha doce pena
Me ampara dos riscos cruéis da mentira
Me acomoda em teu ventre, moldando em teu colo,
Me atenda em sutis ligações repentinas.
Acredito que um dia te encontro
Nesse ou noutro momento da vida
A me acariciar os cabelos,
A me profetizar fantasias,
Emoldurar-me em tua boca de vidro,
Anoitecendo em ti os ruídos,
Amanhecida em mim, um fantasma.
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